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domingo, 13 de março de 2016

Amor e Sexo no Tempo de Salazar


Fiquei espantada com o que concluíram dois historiadores que se debruçaram sobre os contextos de início do século no que se refere às questões da sexualidade. As mulheres que experienciaram vidas mais repressivas do ponto de vista dos afetos e da sexualidade eram mulheres da pequena e média burguesia.


“No meu tempo a noiva era uma coisa séria. Iam emocionadas. (…) Os pais choravam, e a noiva chorava também! (…) Não se sabia se iam para bem, se iam para mal. (…) Elas tinham de aguentar tudo porque o casamento era para a vida. Esperança, 90 anos”
A mulher deveria ser perfeita. Uma dona de casa exemplar, sempre atenta ao marido e aos filhos, esmerada nas artes da cozinha e do bordado, com comportamento aprumado e decente. Nos anos 50, e sobre o olhar atento, conservador e católico de António de Oliveira Salazar, timoneiro de um Estado Novo repressor, o amor e o sexo eram temas tabus, a que se devia dar pouca importância. Prevalecia a moral e os bons costumes. Um mundo recheado de valores puritanos, de vexame, opressão, tirania e recalcamento, para todos os gostos e para ambos os sexos, mas sobretudo para o feminino. Durante esta década, os direitos das mulheres portuguesas foram abafados, circunscritos, diminuídos. Forçadas à submissão de género, à dependência económica e afectiva, bem como ao apagamento sexual.

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